8 de outubro de 2014

Passado


Passado que invade a sala,
como uma nuvem de pó do deserto,
tudo em redor empalidece,
A boca seca daquela fala,
incapaz de suster o desconcerto,
 de uma vida que já não embala.

Passado que violenta o quarto,
como pedras inertes num desfiladeiro sem fim,
deixa a esperança cair,
Os olhos molhados daquele pranto,
tiram a vontade de um sim,
o não regresso após o partir.

Passado que tropeça nas ruas,
como um vício que não se quer largar,
pelo prazer da morte anunciada,
As mãos que te amparam são as tuas,
pois outras tiveram que te largar,
porque o futuro é uma caminhada.

Passado que regressaste a casa,
como cinzas de uma paixão morta,
na busca de um amor à espera,
As pernas cedem à porta,
porque a descrença te arrasa,
nesse momento cais e o mesmo futuro já era.

 

Pedro Ferreira © 2014

Um comentário:

  1. Recordar o passado é um bom caminho para não repetir os erros.

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